Eu quero um amor antigo
Não tem jeito.
Mesmo o mundo do avesso e na contramão de tudo que eu desejo, eu sou romântica.
Faço planos de viagens, faço planos de brigadeiro de colher vendo filme fofo na Netflix com direito a massagens nos pés.
É sério!
Eu preciso entregar para alguém todo esse meu romantismo.
Tem amor saindo pelos olhos, ouvidos e muitos post-it guardados para escrever frases fofas depois de uma noite gostosa ou de uma discussão bobinha.
Tem dias que eu acordo e desisto de tudo.
Não quero mais pensar em cinema de mãos dadas, abraços quentinhos em dias frios, e dormir de conchinha...
Não quero nem pensar em finais de semana na casa da sogra fazendo broa de milho verde e pão de queijo.
Claro que ninguém pensa mais nisso nos dias de hoje.
O mundo é de quem aprendeu a viver de desapegos.
Um parceiro por final de semana e a sogra já nem faz questão de nada.
É muito pangaré nos dias atuais pensar em amor da vida da gente quando se pode tirar a roupa e suprir os desejos do corpo em uma noite apenas e adeus.
Mas como suprir as necessidades de um corpo para uma pessoa que é de alma e nem lembra a última vez que beijou alguém?
Definitivamente não dá pra mim.
Afogo-me nas palavras e nos versos, viajo nos contos de filmes e novelas e sigo mesmo na contramão do mundo.
Faço cara de paisagem quando riem da virgindade “perdida” aos 30.
Mas não beijo sapo para não ficar sozinha.
Eu quero um amor para a minha vida.
Mesmo que isso aconteça quando eu já estiver bem velhinha e meus sobrinhos já não puderem mais montar no cangote do rapaz.
Vamos sentar e contar para eles que no final o amor venceu.
E que vale a pena esperar por ele.
Ilustração: @hiraizumiharuna0204
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