Vinho e as lembranças
Abri o meu melhor vinho... Bem, de verdade mesmo era o meu único vinho. Eu me servi. Lembranças começaram a me encontrar. Era uma noite fria, de chuva tênue. Estava ali, eremítico de todos... de tudo e até de mim. Tentei evitar, mas os pensamentos foram pegando-me lentamente. Pensei que todas aquelas memórias me afogariam. Mas não, elas foram dedilhando cada parte do meu ser. Foi então que eu decidi que eu posso fazer o que eu quiser com as lembranças. E deixei que os flashes de outrora acariciassem o meu corpo. Pinturas digitais deixaram a cena mais robusta. Fui tomada pelo Bacanal, o recitei, ao meu modo, para as estrelas: . - Se perguntarem: que mais queres, além de versos e amores? - Vinho! -O vinho que é meu fraco. - Evoé Baco! . Brindei a solidão enquanto observava da janela a lua encolhida. Em algum canto, onde não é proibido, talvez ali, do lado esquerdo da cidade, casais tresloucados fazem amor. Que espetáculo! A taça já era vazia.