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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Serpentina do prazer

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Ainda é segunda-feira de carnaval e a maioria dos corpos se preenchem com gliter, risos e festa. O meu descansa, tenta se recuperar das ilusões que ele cria.  E em tua festa particular se refaz.  Faz do prazer serpentina.  Neste momento lanço-me toda em mim.  Minha mente é brilhante em inventar amores onde amores não existem. Tudo bem, há tanto brilho em mim que já me acostumei a brilhar sozinha. Repousei toda a bagunça e joguei serpentinas para o alto.  Fechei os olhos e fiz um pedido: que tudo isso que eu sinto morra na quarta-feira de cinzas. Encerrei este assunto, apaguei todas as fotos, na esperança que se apaguem também as lembranças. O novo realmente começa depois do carnaval. Pois então vem, novo, me sinto pronta. Foto: @antesnuadoquesua

Passei um tempo sozinha

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Passei um tempo sozinha, pensei que de solidão eu morreria, que mentira.  É tão maravilhoso ser só minha. Olhei-me no espelho, percebi um fio branco, é a idade me mostrando que as marcas da vida são necessárias para tecer os pontos que vão nos sustentar nos próximos anos.  E que é necessário fazê-los firmes.  Fortes.  E por isso algumas vezes será imprescindível ser um pouco bruta. O tempo empurra para o abismo tudo aquilo que é mediano, efêmero.  Já não colecionamos cacarecos, já não queremos muitos trecos.  Queremos só leveza, e isso vale pra mala de mão e para o coração. Passei um tempo sozinha e é verdade, muitas vezes a saudade invadia-me como se quisesse arrancar todos os órgãos com as mãos, e eu morreria.  Quem diria... até essa sabedoria a idade em maestria vem nos entregar.  E a gente já não morre não.  Olhei para as aventuras, e hoje mais madura, sei que nem tudo é para mim, e ainda bem. A maturidade nos poda na medida certa e a gente fica mais espert

Café com proza

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Demoro-me no teu beijo, entre um café e um pão de queijo, tu me acaricia devagar. Uma pausa para cócegas, tu tens um jeito particular de me mimar. Já estou me preparando para o que vem depois, panquecas com torradas e melado, tudo misturado e misturados também nós dois. Me pega do teu jeito, eu quero tudo agora, por favor, não deixe nada pra depois. Me enlaço nos teus dedos, me perco nos teus beijos, já tem café e pão de queijo no meio de nós. Desligamos o mundo, ninguém precisa saber, o que se passa no café da manhã é só entre mim e você.  Agora preste atenção! Esse detalhe é só teu, tal condição me interessa, tu me deixou falando sozinha no meio daquela conversa.  Conversa paralela, ninguém vai entender.  Eu tenho sonhos estranhos, sem roupas, com você...  E dessa condição, não perca tempo não, me espera para o jantar, que é para gente continuar. ] - Até  logo. - Tenha um bom dia. - Será um excelente dia, pode acreditar. Foto: @paris_obsessions

É preciso amor acima de tudo

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Sabe de uma coisa, é preciso se amar muito para saber os lugares nos quais não devemos ficar. É preciso, acima de tudo, nos conhecer bem para não deixar que as nossas fraquezas vejam amor onde amor não tem. Criamos fantasias sobre aquilo que gostaríamos e, sem perceber, ficamos emocionalmente envolvidas em falsas projeções de amor.  Amores que destroem.  E posso te falar mais uma coisa: amor é construção. Isso que machuca, vai e volta, incomoda o peito, e não te dá a mão no fim de semana, é tudo, menos amor. É verdade que queremos um amor, eu quero! Mas precisar mesmo a gente precisa é de amor próprio.  E de boas amigas.  Essas que seguram a onda e nos fazem rir quando o mundo inteiro só nos faz chorar. Essas que não importam se você mora longe ou perto; elas dão um jeitinho de segurar tua mão quando você está de coração partido. Então, aproveita que o ano ainda tá fresco e coloca no papel a meta de se amar primeiro antes de ficar arrastando o seu bonde para amor

Semente é vida

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O amor é uma semente de algodão doce que a gente planta no peito. E a gente rega com versos e acordes de alguma canção que nos impulsione a imaginação. E a gente voa para nuvens que também são de algodão. O amor é de muitas cores, sabores, e derrete, feito sorvete de flocos, o coração. O amor é uva doce, melancia ou melão. O amor pode ser azedinho, mas se põe açúcar fica bom O amor é delírio Acode, acolhe, aperta, afrouxa. O amor não sufoca, o amor não causa assombro, arrepio ou medo. O amor não fica mudo, não agride, não some, assume. O amor causa risos, cócegas, alegrias infinitas. O amor não faz chorar, nem ficarmos cansados. O amor fala, declara, e se acaba fica mudo. O amor beija e beija e beija e depois quer dormir junto, segurando os sonhos e as mãos. O amor é quentinho, bobinho e às vezes sem noção. Dá cambalhotas no peito, no sofá e às vezes no coração. O amor é amor, e amor é amar, cuidar, fazer brotar. Rega, e não se cansa de cansar de amar

Caminhar da felicidade

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Sair para caminhar Sentir a brisa Deixar o vento te afagar Ter um cantinho de paz, para com Deuses conversar. Abrir o teu peito para tudo aquilo que quer chegar. Imaginar um planeta de algodão doce, onde podemos passear tranquilos sem ter muito com o que se preocupar. A caminhada é longa, mas o caminho é relva doce. O tempo não atropela ou oprime, te dá esperança. A gente sente o sol como dourador dos sonhos mais bobinhos. E se vem a chuva, aaah... pular nas poças é o que mais importa. Sujar de lama e depois se deitar na grama para sonhar. Eu sou a luz, eu sou a purpurina na calda do cometa. Eu sou a paz que bate as asas da borboleta azul neon. Eu sou o vento que sopra os dentes-de-leão do mato. Eu sou poeira das estrelas, eu sou o universo. E tudo é tão divino...  Num único instante me sinto parte, me sinto todo.  Me sinto pronta.  Completa. Ilustração: @peijinsart

Respiro. Pauso. Um, dois, três

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Você já acordou no meio da madrugada com vontade de chorar do nada? Apertos ensaiados, atrozes, apressando o cardio. Respiro. Pauso. Um.  Dois.  Três. Fico parada em frente ao espelho. No reflexo sem nexo, faço perguntas sem respostas: - O que inquieta uma mente a ponto de roubar o sono da gente? Que respostas necessárias estariam ocultas no misterioso universo da nossa cabeça? O que esperar quando não estamos esperando nada? Que vazios fazem necessários serem preenchidos para que as palavras se aquietem, e, encostadas em um neurônio qualquer, repousem devolvendo-nos paz? Respiro. Pauso. Um.  Dois.  Três. E de repente, sem pedir licença à face insípida, o que antes era ânsia, torna-se tempestade de sais minerais a percorrer o teu rosto. Desassossego. Infortúnio. Desfalece; e no espelho, o reflexo etéreo, sem culpa alguma de sentir.  Eu sinto muito. Foto: @paris_obsessions_2