Deixa, tudo por conta do tempo

Deixa pra lá
há amores vadios subindo os muros tentando fazer a vida dar certo.
Deixa pra lá. 
A gente está aqui para o que der e vier mesmo. 
E se não vier, bem... se não vier, meu bem, a gente toma café na mesma taça que tomamos vinho ontem à noite. 
O mais importante é que a gente não seja vazio ou vadio como os outros estão sendo. Querem se fartar na mesa posta, não sei se por excesso de fome, excesso de opções ou apenas pelos excessos.
Nós não, nós queremos nos servir da mansidão do esperar. 
De fitar com os olhos e namorar aquele sonho de padaria por horas, quem sabe dias, até o dia de provar.
Queremos beijar o pôr do sol e saber que só fazemos isso juntos. 
A gente não se serve de imediatismos, deve ser por isso que quando é sexta o coração bate de trás pra frente.
Até a saudade sente que já sextou, 
e que a gente precisa se encontrar.
E que o excesso seja só de prazer, disso a gente não se farta, nesse ponto somos vadios.
Talvez a conta fique cara, e não é a conta do restaurante, não... não... é a conta da saudade. 
Saudade de abraçar, acariciar, quiçá beijar.
Sei lá, a gente não é vadio e nem vazio. 
Talvez por isso esse nosso encontro demore tanto, mas a gente sabe esperar sem desperdiçar beijos, abraços... 
Há quem diga que é perda de tempo. 
Há quem se espante com o relato do tempo. 
Mas só a gente sabe o valor do nosso tempo. 
Não temos tempo para os que se servem dos excessos. 
Que filtro maravilhoso é o da pessoa singular.
 Única. 
Excepcional.
Que bom que é sexta, meu bem. 
Que bom que você chegou.


Ilustração: @hiraizumiharuna0204

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