Eu moro em mim, e quem manda em mim sou eu!

Limpo o quarto.
Limpo o chão.
Limpo sala, cozinha, e limpo o coração. 

Quebro coisas...

derrubo paredes, portas e janelas. 
Demolição é mutação. Mudança. Metamorfose.

Reconstrução. 

Lavo louças, lavo roupas, lavo o quintal. 
Lavo o rosto, lavo o corpo, lavo a alma.

Limpeza é fluidez. Clareza. Luminosidade.

Fluxo.

Planto flores, rego sementes. 

Tenho prazer por ver germinar. 

Sei a significância de eliminar ervas daninhas.

Lanço fora falsas sementes que há tempos venho adubando 

e nunca deram em nada.

Frustrações. Insignificâncias.

Reutilizo. 

Faço até reciclagem; mas é preciso saber jogar fora.

Cada canto, do quarto ou da sala. 
Cada canto do mundo, cada canto de mim. Tudo precisa fluir.

A vida pede passagem.

Cada espaço, grande ou pequeno, em mim é valioso.

Raro. Caro.

Eu moro no mundo, meu mundo. unidade particular...

Eu moro no bairro que fica na rua, onde está a minha casa. 

Eu moro em mim, e quem manda em mim sou eu!

Esta é a primeira casa que precisa estar organizada. 

Não coleciono tragédias, mágoas ou frustrações.

Coleciono sonhos, alegrias, inspiração.

Meu caminho é sempre adiante. 

Minha casa fica em um vilarejo, cheio de casinhas, 
ruas de pedrinhas.
Em minha casa tem algumas paredes.

Em cada uma delas um retrato, uma janela com paisagem, ou uma poesia.
Recordações...

E eu vou demolir e reconstruir quantas vezes for necessário. 
Quantas vezes eu conseguir. 
A minha casa é minha, e quem sabe de mim sou eu.

Ninguém sopra uma poeira sem que eu queira.

Ninguém vai bagunçar. 
Ninguém vai impor regras. Ninguém vai chantagear.

Em minha casa não tem grades, mas só entra se eu permitir. 

Não é obrigado a ficar, mas, por favor, tenha a decência de sair quando eu decidir.
Por favor, não quebre nada, tudo aqui é precioso. 

A casa é minha, morada dos meus anseios, guardiã de tudo que eu acredito.
Ninguém vai me roubar de mim. 


Limpo tudo, varro o mundo; coloco de pernas pro ar.

Faço inúmeras reformas e permaneço em construção.
Minha casa é viva, e por estar viva, está sempre em evolução.