Pássaro da vida

Sonhei que eu era um pássaro, e ele era azul. 
E voava alto, alto... nunca pousava.
Em algum momento suas asas pegavam fogo, não sabendo lidar com isso, ele caia.
E eu caia junto.
O pássaro sou eu e o fogo é tudo que eu carrego no peito.
São incêndios que me queimam inteira e eu não sei como apagar.
Um dia eu acordei e escrevi uma carta. 
Olha que bizarro, mas pedi para um pombo qualquer entregar essa carta para você.

Mas ele pousou em sua janela e ficou só te olhando...
Olhou-te por horas. 
Estático.

Acho que o meu pombo correio se apaixonou por você.
Não sei dizer se ele lhe entregou a carta, sei apenas que ele nunca mais voltou.

Ei moço, você recebeu alguma carta?
Era carta de amor.
Isso é tão antigo para os dias atuais, é verdade.
Mas eu também sou.
Acho que tudo isso parece loucura.
Mas eu sonhei que eu era um pássaro azul que voava alto.
E voava em sua direção.
Mas ele preferiu se jogar do alto de um prédio a arriscar pousar em sua janela.
E quando o pássaro estava caindo eu senti meu mundo caindo junto.
Cinquenta mil andares se passaram em minha frente enquanto minha vida passava junto.
Um absurdo! 
Desmoronava tudo.
Sonhos. 
Desejos. 
Princípios. 
Ideais. 
Crenças. 
Pessoas. 
Coisas. 
Eu acho que eu precisava ver o que era a minha vida para que enfim eu pudesse entender tudo.
Eu sabia que podia voar...
Só não queria.
Mas você não vai acreditar...
Aquele pombo salvou o pássaro azul.
- Insolente! 
Sabia mais do que eu sobre a vida.


Foto: @antesnuadoquesua

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