Coração de Pano (sangra)
Todo amor que chega até a mim, chega para fazer-me sangrar
mais um pouco.
Que mundo louco!
Quando vai chegar alguém para me curar de tudo e até de mim?
Sozinha eu já não tenho forças.
Coração de pano, mesmo costurado sangra.
E escorre linha para tudo que é lado.
Coração remendado, cheio de amor empoeirado.
De tanto amor sai pela boca. Não resiste, apanha e ama outra
vez.
É disso que ele sabe viver.
É disso que ele sabe viver.
Coração de retalhos.
Não bate, capota.
Suspira atrás da porta, frágil inútil.
Alguém o resgata, sujo. Maltrapilho. Arisco.
E o coloca em cima da mesa.
Peso para papel. Ganhou utilidade
Coração bruto vai viver de linhas.
Linhas no papel. Poesia boba que ninguém lê.
Vai falar de amor, tolo que é, sem nunca saber o que é amar
por completo.
Coração discreto morre todos os dias dentro de mim.
Mas continua vivo.
Tum tum... tum tum...
Consegue ouvir?
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