Eu odeio MIOJO!

Nunca gostei de Miojo (Macarrão Instantâneo). 

Aquele macarrão sem cor, fininho demais e super grudado, nunca me deu água na boca. Não desse jeito.

Calma, não precisa vir dar lições de macarrão instantâneo agora. Não é essa a ideia do texto.

Eu odeio miojo, mas este não é um post sobre comida.

Por que relacionamento virou miojo? 

Será que é para dar tempo de experimentar tudo?

Ou será que é porque não temos mais tempo para o preparo elaborado?

Será que é por que queremos tudo pronto e não temos tempo para lidar com os preparos individuais de cada um?

Ou pior, será que já não temos paladar para temperos sofisticados?

O assunto não é comida, mas se fosse comida, e macarrão  oriental "lámen", eu fico com o Yakisoba.

Por quê?

Pelos detalhes...

As verduras, o pimentão verde, o amarelo e o vermelho. Que paixão!

A alta temperatura. Wow!

É prazer do início ao fim. Consegue sentir o aroma?

Yakisoba é selecionar os ingredientes com calma, ir ao supermercado comprar, levar pra casa, preparar.

Provar com aquele cuidado enquanto cozinha. É convidar os amigos, é sentar se à mesa, é pedir vinho.

É demorado... e o cheiro? huuum.

É saboroso. Os vizinhos percebem algo diferente no ar.

É ficar saciado e demasiadamente feliz. Comer bem faz isso com a gente.

Sempre tem gosto de quero mais.

O preparo do Yakisoba é trabalhoso, e ainda temos que lavar a louça.

Relacionar não é só prazer "é preciso lavar a louça". É preciso tempo e paciência. 

O problema é que nossas expectativas estão altas demais. E já não temos tempo para o processo de cozimento alheio. Aquele que vai preparando pouco a pouco a  relação.

Sei que é uma busca individual e complexa, e também necessária. Não existe o caminho certeiro. Não tem atalho e vão existir tropeços.  Mas será que estamos fazendo isso de forma honesta? 

Já não se trata de saber se é o jeito certo ou errado, impossível saber. 

Mas que seja honesto, com a gente e com o outro.

É, somos a geração microondas, não temos tempo para perder com detalhes.

Não temos tempo... Nos tornamos reféns do relógio.

Peço licença a geração descolada, mas neste caso, eu vou dispensar, obrigada.

Podem até me chamar de ultrapassada, quadrada, fresca, qualquer coisa. 

Mas, por favor, não me embale nesse pacotinho de ar.

Eu não nasci pra ser miojo. É contrariador demais pra mim.

Olha eu até tentei... não estou falando do miojo, na boa, nunca tive paladar pra ele.

Tentei ser mais "descolada" e não falar mal da geração "pega mas não se apega".

Mas querem saber? Não dá!

Eu quero me apegar, pegar e me enrolar sem medo, sem susto e sem telefone mudo no dia seguinte.

Não quero nada que grude demais, o excesso não faz bem a ninguém. Mas, é preciso equilíbrio, saber com quem você está, e se você está.

Chega de nos envolver com criaturas que quase nos fazem acreditar no conto da Cinderela.

Que, neste caso, nem sou eu ou você minha amiga, e sim o cara simpático que da noite para o dia transformou-se em abóbora. Sem graça e casca grossa.

Vamos combinar, abóbora é meio ruim. (Gostos)

Não importa se vai demorar, não importa as inúmeras atualizações que vão acontecer e que eu não vou participar. Puxa vida! 

É muito informação para uma só pessoa.

Não me levem a mal geração digital, mas eu continuo sendo meio analógica.

Vai lá, pega sua parafernália de informações, sua lista de contatos e vai pro quinto dos infernos. 

Vai fazer seu Yakisuruba em algum lugar longe de mim.

Me desculpem, mas o clichê qualidade é melhor que quantidade fala muito por mim.

Não vou me sabotar tentando ser a mulher moderninha da qual eu não levo jeito.

Essa rapidez toda, esse troca-troca, me deixa confusa, eu não consigo acompanhar.

Ainda sobre rapidez e modernidade...

Não tem nada de gostoso que se faça dentro da porcaria do microondas. (chatice)

- Eu também não curto usar o microondas, mas isso é outro assunto. -

E seja como for, o fogo e suas brasas me atraem bem mais quando o assunto é cozinha.

O que leva tempo, pra mim, tem mais sabor e mais valor.

Pessoas não são coisas, sentimentos não são objetos, e relacionar não é fazer miojo.

Eu odeio miojo!

"03 minutos" é pouco!  Pode ser suficiente para o seu miojo, mas para conhecer alguém, envolver, entender... não.